“Estamos nos esquecendo de viver” 296z2b

Tem dias que dá vontade de gritar. De parar tudo. De simplesmente desaparecer por algumas horas e tentar lembrar quem a gente era antes de tudo isso começar. Antes dos mil compromissos, das cobranças, dos prazos, das reuniões sem fim. Antes do celular vibrando o tempo todo. Antes de a vida virar esse redemoinho de exigências, esse sufoco silencioso que a gente finge que aguenta.


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Você já parou para pensar quantas horas do seu dia são realmente suas? Não as horas em que você está respondendo e-mails, entregando tarefas, resolvendo problemas dos outros. Estou falando das horas em que você respira fundo, se olha no espelho com calma, toma um café sem pressa, escuta alguém com atenção. Sabe quando? Quase nunca.


Estamos vivendo uma mentira coletiva. Uma ilusão de que ser produtivo o tempo inteiro é ser bem-sucedido. Que quem desacelera é fraco. Que cuidar de si é preguiça. Que ar um tempo com a família é perda de foco. Que não estar conectado é estar “desatualizado”. Mas essa mentira está nos matando por dentro. E a gente finge que não vê.


Estamos sempre ocupados demais

É impressionante como estamos todos juntos, mas cada vez mais distantes. Estamos à mesa, mas com os olhos na tela. Estamos no mesmo ambiente, mas em mundos diferentes. São pais que não sabem mais o que os filhos sentem. Filhos que não sabem a dor silenciosa dos pais. Parceiros que dividem o mesmo teto, mas não dividem mais os sonhos. Todo mundo no automático. E o amor, coitado, ficando para depois.

 
O que estamos fazendo com a nossa única vida? O que estamos priorizando? Estamos nos matando por um cargo, por um número, por um reconhecimento vazio... e esquecendo do essencial: o tempo que não volta, o abraço que não se repete, a presença que não pode ser delegada.

 
A tecnologia, que era pra nos aproximar, está nos afastando. A vida virtual está devorando a real. A gente a horas vendo a vida dos outros pela tela, enquanto a nossa vida escorre pelos dedos. E nem percebemos. Porque estamos ocupados demais. Sempre ocupados demais. Ocupados até para sentir.


Precisamos voltar para casa
E aí, um dia, a ficha cai. Às vezes com uma doença. Às vezes com uma perda. Às vezes com uma saudade que bate forte demais. E aí vem a culpa. O arrependimento. O vazio. Porque percebemos que estávamos presentes, mas nunca inteiros. Que estávamos ao lado, mas não com o coração. Que estivemos vivos, mas não vivendo.

 
A gente precisa reaprender a viver. Não só existir. Viver com intenção. Viver com afeto. Viver com presença. Voltar a conversar olho no olho, a rir de verdade, a escutar com o coração. Precisamos voltar para casa – para dentro de nós mesmos e para aqueles que nos amam de verdade.

 
A vida não espera você terminar o projeto. Ela acontece agora, nesse instante em que você lê essas palavras. E talvez seja esse o momento certo para fazer uma escolha diferente. Desligar o celular. Cancelar um compromisso. Preparar um almoço simples, mas cheio de presença. Abraçar alguém sem motivo. Dormir um pouco mais. Ficar em silêncio. Sentir.

 
Porque, no fim, a gente não se arrepende do que deixou de fazer no trabalho, nele normalmente somos a nossa versão mais entregue e dedicada. A gente se arrepende do que deixou de viver com quem ama.

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Juliane Korb

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